prejuízo

São Gabriel e Rosário do Sul registram nova mortandade de abelhas

São Gabriel e Rosário do Sul registram nova mortandade de abelhas

Foto: Aldo Machado dos Santos (arquivo pessoal)

Há aproximadamente 15 dias, os apicultores do Rio Grande do Sul se deparam com a morte de milhares de abelhas nos apiários de diferente regiões. A principal suspeita reside no inseticida fipronil.

Até o momento, foram relatados 780 casos à Câmara Técnica de Apicultura da Secretaria de Agricultura do Estado, registrados em Rosário do Sul, São Gabriel, Encruzilhada do Sul, Caxias do Sul, Sobradinho, Erval Seco, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Dom Pedrito e Canguçu. Apesar do aumento dos casos de mortandade e da preocupação dos apicultores, esse não é um evento isolado.

De acordo com o apicultor coordenador da Câmara de Apicultura do Estado e da Cooperativa Apícola do Pampa Gaúcho, Aldo Machado dos Santos, o pico das mortes de abelhas no estado foi em 2019, com cerca de 6 mil caixas perdidas. A estimativa é que cada caixa comporte entre 50 e 60 mil abelhas. A causa da mortandade também já é conhecida pelos apicultores, pois segundo Aldo, nos últimos anos, a maior parte dos laudos indicaram envenenamento pelo agrotóxico fipronil.

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- No começo da preparação de lavouras, alguns produtores usam de forma incorreta o inseticida, colocando o produto junto com o herbicida. Como é época do de primavera, os produtos são aplicados sobre as flores. As abelhas são contaminadas nas flores e vão para as colmeias, matando o restante dos insetos - explica Aldo.

A última pesquisa divulgada pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS, mostrou que entre os meses de janeiro e abril de 2021, 77% das amostras de colmeias com mortandade de abelhas no estado apontaram a presença do ingrediente ativo fipronil.

São Gabriel
No município, Aldo foi o apicultor com maior prejuízo. Ele perdeu 68 colmeias em 112 caixas, o que pode chegar a 10 milhões de abelhas mortas.

- Cada colmeia morta representa um prejuízo para o apicultor de aproximadamente R$ 1 mil. Nós deixamos de produzir, perdemos os enxames e as caixas. Levamos, no mínimo, dois ou três anos para recuperar os apiários, ou seja, ficamos sem fonte de renda nesse período - afirma Aldo.

Rosário do Sul

O apicultor José Eduardo Gomes Pacheco, de Rosário do Sul, relata que perdeu cerca de 300 caixas (número não contabilizado pela Câmara Técnica de Apicultura da Secretaria de Agricultura do Estado). Ele coletou as abelhas e encaminhou para análise na Universidade do Vale do Taquari (Univates), que indicou laudo positivo para o fipronil.

Já o apicultor Letiere da Rosa ainda não conseguiu respostas sobre a morte de suas colmeias. Em abril deste ano, ele perdeu 22 caixas. Devido à época, Letiere também perdeu mel. Cada caixa rende aproximadamente 40 kg do produto. Nos últimos dias, o apicultor teve 30 caixas contaminadas.

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- Chego no apiário e nunca sei o que vou ver. Antes, sempre encontrava mel. Agora, só espero que as abelhas estejam vivas - lamenta Letiere.

Na primeira vez, Letiere relata que foi até a delegacia e não obteve encaminhamento da coleta das abelhas e, posteriormente, do laudo. Depois de meses sem respostas, ele não tem mais esperança e ainda não foi fazer uma nova ocorrência das últimas perdas.

Estado não realiza análises desde julho

De acordo com Aldo, o relato de Letiere é comum entre os apicultores gaúchos e ilustra um problema enfrentado no estado.

- Alguns alegam que já fizeram o registro há meses, e, até agora, não receberam o resultado da análise. Quando receber a resposta, vai ser muito tarde para fazer uma investigação e apontar um culpado. Então, o apicultor fica com o prejuízo sozinho. Esse é o motivo da grande revolta dos apicultores, pois não tem a análise para comprovar o que matou as abelhas e juridicamente não resta nada para fazer - denuncia Aldo.

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De acordo com Gustavo Nogueira Diehl, representante do setor de Sanidade Apícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS, os laudos não estão sendo feitos desde julho deste ano, em razão da falta de recursos. Não foi informado o quantitativo de amostras pendentes para análise e a posição do setor sobre as últimas mortes.

(Colaborou Laura Gomes)

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